Cada vez mais o mercado consumidor tem se preocupado com as condições em que os animais são criados. A crescente urbanização, com a migração de grande parte da população do meio rural para a cidade, afastou mais o mercado consumidor das fazendas e granjas, o que resultou em desconhecimento generalizado sobre as reais condições em que os alimentos são produzidos. Por outro lado, informações distorcidas ou sem origem confiável eventualmente determinam uma imagem negativa de como os suínos são criados.
A União Europeia possui legislação bastante ampla e rigorosa que determina uma série de regras na concepção das instalações e no manejo dos animais. Por outro lado, guardadas as devidas proporções, Estados Unidos e Brasil estão em situação similar pois, embora não possuam leis federais tão rígidas e detalhadas como a Europa, têm evoluído muito, por iniciativa dos próprios produtores no sentido de melhorar cada vez mais as condições de criação, garantindo o bem-estar animal durante a vida do suíno.
Uma das maiores especialistas do mundo em bem-estar animal, a cientista norte-americana Temple Grandin, resume em uma frase o sentimento humano em relação aos animais de produção:
“Nosso relacionamento com os animais que criamos para comer deve ser simbiótico. Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa para dois seres vivos. Damos alimento e abrigo aos animais e, em troca, usamos as crias desses animais como alimento (Temple Grandin)
Existem várias definições, mas, mundialmente, se aceita o princípio das cinco liberdades que determinam o bem-estar animal:
Para atender estas cinco liberdades as granjas adotam o que chamamos de boas práticas de produção pecuária. Estas práticas garantem o bem-estar e, consequentemente, permitem que o animal expresse seu potencial produtivo. Consiste em manter o suíno em ambiente limpo, com conforto térmico, alimentação balanceada, água à vontade, espaço físico suficiente para que possa expressar seu comportamento exploratório junto de outros suínos e com medidas que evitem todo tipo de sofrimento.
Atualmente o sistema mais usado na criação de suínos em todo o mundo é o confinado, onde os animais são mantidos dentro de instalações cobertas, sem acesso à terra. Isto trouxe uma série de benefícios para a produtividade e o controle zootécnico e sanitário dos animais, assim como alguns aspectos de bem-estar, protegendo os suínos das intempéries e mantendo-os em temperatura de conforto. Entretanto, hoje se reconhece que é possível melhorar as condições de alojamento, principalmente das porcas gestantes, mantendo-as em alojamento coletivo e não individual e assim permitindo maior interação entre os animais do grupo, agregando novas tecnologias que garantem além de uma melhor condição de satisfação para os animais, também ganhos de produtividade.
Muito tem se investido também na melhoria das condições de carregamento e transporte dos animais para o abate, o que tem influência direta na qualidade da carne. A redução do estresse nesta fase e a insensibilização dos animais antes do abate são medidas já amplamente difundidas em nosso meio e que têm determinado uma melhoria contínua na qualidade do produto final.